Morre aos 94 anos Sidney Poitier, primeiro astro afro-americano de Hollywood

A estrela de Hollywood, conhecida por filmes como Adivinha quem vem para o jantar, No Calor da Noite e Uma Voz na Sombras, se tornou o primeiro negro a ganhar o Oscar de Melhor Ator.






O ator Sidney Poitier, primeiro negro a ganhar o Oscar de melhor ator por sua atuação em Uma Vez nas Sombras (1963), morreu nesta sexta-feira, 7, aos 94 anos. A notícia foi anunciada pela imprensa britânica, divulgada pelo ministro das Relações Exteriores das Bahamas, Fred Mitchell, repercutindo e gerando homenagens do mundo do entretenimento. “Este é um grande problema. Não há palavras para descrever como seu trabalho mudou radicalmente minha vida”, escreveu a atriz Viola Davis no Instagram. “A dignidade, normalidade, força, excelência e eletricidade absoluta que você trouxe para suas funções nos mostraram que nós, como negros, importamos !!!”. O ex-presidente Obama disse que Poitier abriu portas que há muito estavam firmemente fechadas para os negros americanos. “Sidney Poitier simbolizou dignidade e graça, revelando o poder dos filmes para nos aproximar”, escreveu Obama no Twitter. Poitier também ficou conhecido por papéis em longas como Adivinhe Quem Vem Para Jantar e No Calor da Noite, nos quais teve atuação marcante, especialmente por dar voz aos direitos civis na década de 1960.

Apesar do reconhecimento, o início de carreira não foi fácil. Natural das Bahamas, ele nasceu prematuramente dois meses antes do previsto, em Miami (EUA), durante uma visita de seus pais, no dia 20 de fevereiro de 1927.

Nasceu com 1,4 kg, e longe de um hospital, graças ao preconceito contra os negros. Sua mãe foi buscar alternativas para salvar a criança, enquanto seu pai saiu para encontrar uma caixa de sapatos para enterrar o filho. Sem esperanças médicas, a mãe visitou uma vidente para saber o que aconteceria ao bebê. Ela previu: "Ele crescerá e viajará por quase todos os cantos do mundo. Caminhará ao lado de reis. Será rico e famoso".

A vidente acertou, mas o sucesso demorou para chegar, com Poitier crescendo em meio a pobreza. Aos 16 anos, se mudou para a cidade de Nova York, onde encontrou trabalho como lavador de pratos.

Em novembro de 1943, Poitier mentiu sobre sua idade e se alistou no Exército para lutar na Segunda Guerra Mundial. Após deixar o Exército, conseguiu uma vaga no American Negro Theatre, onde teve aulas de atuação, suavizou seu sotaque das Bahamas e conseguiu um papel no palco como substituto de Harry Belafonte que se tornaria seu amigo de longa data.

Um de seus primeiros desafios foi se desvencilhar de seu sotaque marcado pela presença nas Bahamas. Depois de se aprimorar durante seis meses, conseguiu os primeiros papéis na Broadway. Logo chegou ao cinema, estreando com O Ódio é Cego (1950), sob a direção de Joseph L. Mankiewicz, mas chamou atenção pela primeira vez em Sementes de Violência (1955), dirigido por Richard Brooks, em que viveu um dos jovens rebeldes.

Três anos depois, Poitier ofereceu outra grande atuação em Acorrentados (1958), em que dividiu o protagonismo com Tony Curtis como prisioneiros fugitivos acorrentados, em longa dirigido por Stanley Kramer. Foi uma oportunidade para Poitier mostrar seu talento no papel de um homem bruto.

Recebeu uma indicação ao Oscar, tornando-se o primeiro ator negro a entrar na disputa do famoso prêmio. A estatueta foi conquistada de fato com Uma Voz nas Sombras, em 1963, quando Poitier surpreendeu o público com a atuação de um homem que faz de tudo um pouco e que, ao encontrar um grupo de freiras, é tido por elas como um enviado por Deus para construir uma nova capela.

Com uma reputação estabelecida, Sidney Poitier passou a usar sua fama na luta pelos direitos civis dos negros, tendo Belafonte como companheiro de luta. No início dos anos 1960, Belafonte o convenceu a fazer uma doação aos voluntários do Freedom Summer, entidade que atuava no sul dos Estados Unidos. Foi uma experiência marcante pois, segundo relatou o jornal The New York Times, os dois atores foram perseguidos por integrantes da seita racista Ku Klux Klan, que atiraram contra eles.

Sem desistir, a dupla ajudou a organizar a famosa marcha em Washington, em 1964, quando Martin Luther King Jr. fez o discurso que eternizou a frase: "Eu tenho um sonho".


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