Crítica | Overlord: O Reino Sagrado

O ano de 2024 tem sido uma maravilha para os otakus que amam ir ao cinema. Desde o início do ano vimos quase uma dezena chegar às telonas nacionais, indo de animês populares como My Hero Academia e Demon Slayer, até ganhador de Oscar como O Menino e a Garça, do renomado Studio Ghibli. E no segundo final de semana deste mês foi a vez de Overlord: O Reino Sagrado aportar nas salas.

Não vou discorrer sobre o desempenho inicial de bilheteria dele por aqui (mas caso tenha curiosidade, leia o artigo de Yuri Petnys sobre o assunto); mas digo que não é estranho um pequeno descaso. Overlord permamece desconhecido de grande parte do público fora do nicho. E não foi por falta de tentativa. Tanto a novel original, quanto o mangá, são publicados no Brasil pela JBC. A animação estreou na extinta Funimation dublada e, logo após sua fusão com a Crunchyroll, passou a integrar seu catálogo. Se a Crunchyroll ainda é um serviço muito direcionado a um único grupo, o animê chegou também ao catálogo da Netflix, serviço mais popular e com uma demografia mais variada. E não podemos esquecer da finada Loading, canal de TV aberta, onde uma parcela dos espectadores conheceu a série (eu incluso).

Com um número pequeno de possíveis espectadores, era de se esperar que a quantia de salas fosse menor do que, por exemplo, o filme de Haikyu!!, que já vinha de uma popularidade maior desde antes de chegar de vez por aqui. E a história do longa também atrapalha um pouco o alcance.

Imagem: Divulgação/Crunchyroll

O enredo de Overlord se passa em 2126 e acompanha o jogador conhecido como Momonga, que descobre que seu MMO de realidade virtual favorito terá seus servidores encerrados. Ele decide então entrar uma última vez no mundo do jogo Yggdrasil para se despedir, mas acaba ficando com sua consciência presa em seu avatar do game. Momonga acaba construindo um reino forte e sai em busca de mais algum jogador perdido que tenha tido a mesma sina que ele, enquanto assume o nome de Ainz Ooal Gown.

O Reino Sagrado adapta os volumes 12 e 13 da série de livros e se passa, na cronologia do animê, ao fim de sua 4ª temporada. Para quem for assistir ao filme no escuro (sem trocadilhos), ficará completamente perdido. Há um pequeno resumo no início, mas tão raso que mais confunde do que ajuda aos espectadores novos.

A história do filme mostra um reino sendo atacado por um demônio. Os sobreviventes partem em busca de vingança e chegam ao Reino Sagrado, criado por Momonga. E aqui vemos um problema de explicação: o porquê dele estar fazendo esta expansão e como um protagonista pode tomar uma atitude que mata  “outras pessoas” sem remorsos. Claro, tudo é explicado dentro da série e faz sentido, levantando até uma certa questão moral. Mas aqui, parece muito vazio e sem nexo.

Um dos pontos principais da obra é o fato de Momonga perceber que está dentro de um jogo e que nada ao seu redor é real, nem mesmo as pessoas e seres. Isso cria um questionamento de que se a ética de nossa sociedade valeria lá dentro. Se todos são NPCs, mesmo que com alguma personalidade própria, ainda assim são desprovidos de uma vida e tudo bem matá-los ou destruí-los a bel prazer. Mas para quem não tem ciência desta linha de raciocínio do personagem, pode parecer meio confuso ver um protagonista matando geral.

Imagem: Divulgação/Crunchyroll

Mesmo com os pesares, a história é boa. Notamos um desenvolvimento do Rei do Reino Sagrado e vemos personagens interessantes, como a jovem ladina Neia. A personagem até ganha um destaque na metade do filme em diante, se tornando quase que a protagonista do longa. Vemos sua construção desde o momento que se torna escudeira do rei até a hora em que ela se vê com uma missão a ser cumprida. Seu crescimento é parelho com a evolução também vista no protagonista.

A animação faz um bom trabalho. Nota-se um melhoramento em relação aos episódios regulares da TV, ainda que não o suficiente para fazê-la se destacar. Há cenas em que fica mais evidente, como nas de luta no início. Inclusive, não seria de se espantar se este mesmo filme fosse reutilizado posteriormente, em partes, como episódios de uma futura temporada. Não seria a primeira vez que isso aconteceria nessa indústria vital.

O Reino Sagrado teve uma passagem relâmpago por pouquíssimas salas de cinema. Poderíamos dizer que fez falta? Não muito. A qualidade do filme é boa, mas infelizmente foi vítima de uma péssima campanha de distribuição. Soma-se a isso o fato de ser feito para fãs de carteirinha da série e dificilmente irá atender às expectativas dos novos. Em algum momento futuro deveremos vê-lo algum serviço de streaming (mesmo que alguns digam que não) e os fãs poderão vê-lo no conforto de seu lar. Para os que ainda não são, vale a pena dar uma conferida na série em preparação à sua chegada.

Overlord: O Reino Sagrado entrou em cartaz no dia 7 de novembro nos cinemas brasileiros. O JBox recebeu um link de exibição especial do filme que serviu de base para a produção da resenha.


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